hoje acordei lembrando que o ano está acabando. e me dei conta que assim que um ano acaba, outro começa. de súbito, veio-me à mente a lembrança do começo desse ano. da areia entrando nos pés, das tuas mãos na minha cintura e... principalmente... da primeira coisa que fizemos quando o novo ano chegou: beijamo-nos. e foi um beijo igual a todos os outros nossos beijos. não foi um beijo mais acalorado, não tinha sequer um sabor diferente. era só um beijo. mas era teu e isso bastava para que fosse o melhor ritual de ano novo. nos abraçamos. nos olhamos. não lembro o que dissemos, mas o beijo ficou. o primeiro beijo do ano. como uma promessa que não se cumpriu foi o primeiro dos poucos que vieram. e eu queria mais. sempre quis mais e tu, de certo, nunca me negaste, mas era raro quando me oferecias. e quando vinhas, vinhas rápido, coelho de Alice correndo. chorei um pouco porque saudade é coisa doída, e dói um tantinho mais lembrar de ti com carinho. não que tu não mereças carinho. mereces todo. mas não o meu. foi o meu carinho que te sufocaste. foi o meu carinho que te afastaste mais e mais pra que depois tu voltaste pedindo abrigo. mas a fonte cessou, e eu te pedi tempo, espaço, calma. tu não tinhas, embora prometeste. então te neguei com uma dor imensa de quem nega um filho que não reconhece. não te reconhecias mais. mas te querias com ardor incomensurável. tu foste. fiquei. e um outro ano está vindo. e passarei só, prelúdio dos beijos que não virão. e tu, não tenho dúvidas, passarás alegremente com amigos e bebidas. e quem sabe, quando der meia-noite, lembrarás de mim por um instante, meu beijo simplório da última virada. ou não. ou evitarás lembrar de quem manchou tua honra. ou, ainda, não lembrarás por ter escolhido caminhos mais floridos. tu, que anuncias ao vento novas flores, estará cativando novos cheiros? cultivando novos sabores? mas por estares longe, dedico aqui, ao vento das teclas, meu carinho escondido. é provável que tu não leias, mas se por ventura ainda sou letras lidas, que seja tua mensagem.
um ano lindo, pulcro poeta. que te lances ao mar da ventura e que eternos amores sejam barcos ancorados. e que nada mais, nada, seja partida.
beijos de quem não é mais flor. mas que ainda é vida.
"E de amar assim, muito amiúde, é que um dia, em teu corpo de repente, hei de morrer de amar mais do que pude." [ Vinicius de Moraes ]
Eu chorei, e muito. E estou chorando a cada tecla batida, a cada palavra dessas que ficam mesmo uma do lado da outra e que fazem um sentido tão grande tanto para você, que escreveu, como para mim, que leu. LINDO!
Desculpe a invasão, sou amiga da Anna e acabei vindo parar no seu blog por alguma razão da vida. Estava me contendo, mas gostei muito de tudo que você escreve e achei que merecia um comentário aqui! Parabéns de verdade. Quem escreve dessa maneira merece muita admiração. Vou passar por aqui mais vezes. Desculpa a invasão mais uma vez..rsrs