se refletir fosse viver...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011 às 22:13
desconheço este quarto. como foi que aos 15 anos eu escolhi por essa cor nas paredes? lembro-me que queria roxo bem escuro e minha mãe disse que quarto não podia ser cor escura, tinha que ser algo bem clarinho. fazia bem aos olhos, dizia, e além do mais, eu era menina. e saiu agora essa cor que não é roxo, nem azul, algo sem definição. desconheço igualmente essas fotografias. um pôster de rock nacional, umas fotos do che guevara, uma tabela periódica dos tempos de pré-vestibulanda - deus-me-livre-e-guarde! - e... ahh, meus desenhos! olham eles! como são tortos, mas são engraçadinhos e eu sempre soube combinar bem as cores. deve ser pra compensar minha falta de jeito com os traços. tem um mural que era supostamente pra ter fotos minhas da juventude, mas sempre que abro a janela, as fotos voam por debaixo da cama e a preguiça de pegá-las faz com que ele se resuma ao um quadro somente. ademais, nunca fui fotogênica então não me importo em escolher fotos de gente que sorri comigo e que já foi embora. desconheço esse casulo que vivi por 7 anos, embora os 3 últimos tenham me servido de refúgio da cidade que - por vezes - me engole. essa cama já guardou tantas lágrimas! vejo agora como fui inocente de ter me derretido por coisas tão bobas que por agora não fazem mais sentido. aliás, tudo do passado parece não ter mais sentido algum quando estamos no presente maduro. coisas da vida. desconheço a pessoa que fui diversas vezes e que nesse quarto se transformou. quantos eus ele abrigou? só sei que, apesar de não me reconhecer nessas paredes afetuosas, como o colo (pa)(ma)terno, é aqui que mais uma vez - e ainda muitas outras vezes - que ancoro para repousar e recomeçar. me descubro sempre por aqui pra, depois - invariavelmente -, me perder do outro lado, quando volto aonde realmente pertenço. ou acho que pertenço.



"A sede de ser completo deixou-me neste estado de mágoa inútil." [ Fernando Pessoa ]

entre espaços

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 às 23:15
Que coisa tola chorar de saudade! E você nem partiu. Continua por perto. São só alguns pouco dias de descanso. Mas até o descanso se torna conturbado com você tão longe assim de mim. Sinto falto de você sussurrando "vem, chega mais perto" no meu ouvido e me puxando sempre com muito carinho. Teu carinho me assombra. Sinto sua falta como que se tivesse esquecido por aí uma parte essencial de mim. Deixei com você meu fígado. E por isso é tão doído quando liga. Sua preocupação é o que você tem de mais bonito! Mas sua voz, seca e direta - esse seu jeito de falar pouco no telefone que já aprendi e gosto - me deixa sem equilíbrio. E choro. Choro porque sou tola e choro porque sou toda saudade. Mas paro logo. E sorrio. Sorrio porque te amo. E já já volto.


"Costuma-se dizer que a solidão é enriquecedora, mas isso depende diretamente da possibilidade de se deixar de estar sozinho." [ José Saramago ]

caixa de mensagens

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011 às 01:20
tenho cinquenta motivos pra te odiar. suas ideias, suas falhas, suas mentiras, a maneira como você ignora (a mim, as pessoas e o mundo). mas te amo. e, veja que coisa, não tenho nenhum motivo para isso. minto! tenho muitos. só que não são lá propriamente motivos. não são palpáveis, nem ao menos sei distingui-los. são todos uma coisa só amalgamada que no final se resume no amor. entenda: não sei porque te amo. não vejo absolutamente nada em você que me provoque a revelia do amor desmedido. se me perguntarem, titubearei. mas amo! em todos os lugares, em todos os momentos eu me pego pensando em você com demasiado amor que me espanto. espanto! mas minha busca por motivos não tem fim. procuro nas suas palavras açucaradas o tanto do amor, procuro nas dobras dos nossos lençóis cheios de prazer transbordante, procuro nos vãos dos nossos dedos que não se desgrudam em nenhuma caminhada, procuro no seu alô despreocupado de alguma manhã que te custou o acordar. e procuro porque me foge à razão essa subversão que é não te odiar por um só instante enquanto tudo que vejo é suas imperfeições. mentira! o que vejo é seu quinhão humano que me encanta tanto e tanto, que vira amor. amo suas ideias antigas, amo suas falhas despercebidas, amo suas mentiras infantis, te amo até no seu desprezar. porque não preciso de por quês pra te amar. só te amo. mesmo que seja na contramão.



"Divago, quando o que quero é só dizer te amo." [ Adelia Prado ]

nada

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011 às 22:14
não tenho mais palavras tristes. nem angústias dispostas em palavras para chatear meus infiéis leitores. bem que queria algumas lágrimas de desapego para enfeitar, quem sabe, meus lampejos de romance. acontece, que por causa de você, o que tenho é um contentamento sólido e belo que mal consigo esconder. não há nada que você não me cause. e digo mais: não há nada que você não me cause que não seja belo. pois é belo demais esse seu bem-querer travestido de coisa alguma, é bem-querer gratuito e terno. e possui toda beleza esse seu cuidar descuidado e seu preocupar de amante leviano. não vou me esquivar com palavras leves pra dizer que te amo, porque não preciso. eu te amo e você bem sabe. embora, eu sei eu sei, me esconda em cortinas vermelhas. mas amor também é se desnudar e é pra isso que a gente anda de mãos dadas, para desmascarar medos. os meus e o seus.

e já que falar de amor é tão clichê, fujo. mas te amo muito. e me calo só porque todo o resto somos nós.

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