como uma consequência inevitável, ele disse "...e você não é minha paz!". é, eu não era sua paz. e sabia disso. e esperava pelo momento em que ele diria querer ares mais limpos, vistas mais claras... e esse momento chegou bem no momento que eu o queria como quem quer o inalcançável. esses momentos em que o alpinista resolve subir a mais alta montanha. por teimosia. por visão.
mas meu caminho não chegou no cume. e eu perdi dedos, unhas, sorrisos e medos pelo caminho. foram todos amputados. e, sem querer, fui na sua paz, não tão serena como esperava e disse "a culpa é sua!". como se fosse você o gelo frio que me consumiu. mas pensando bem, você não foi.
e como um defeito inato, me descobri te amando. mesmo depois da guerra que foi te ter. e da guerra que foi te perder. nossas aproximações e afastamentos sempre foram tão conturbadas. e nunca alcei vôos muito altos com você para me livrar dessa tempestade. mas enfim, o amor foi descoberto. redescoberto. reinventado.
e como quem cria um filho pra si, não pro mundo. guardei o amor. primeiro na esperança de talhá-lo ao seu gosto. ao seu belprazer. o amor que eu ia te ofertar. depois, lembrando que você precisa de uma paz ilusória que não tem e nunca terá, resolvi deixá-lo errante e amputado aqui. como quem esconde um tesouro que ninguém sequer almeja possuir.
mas é teu. negado, menosprezado, pisado. mas é teu.
e vai morrer. porque a paz também mata.
"Não tem desespero não... Você me ensinou milhões de coisas..."
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