sobre se perder

quarta-feira, 7 de outubro de 2009 às 15:40
você me invade inteira. me invade abrindo portas e janelas provocando aquele barulho de madeira contra parede. me invade como um vento forte que vem com cheiro de chuva. me invade com força e o vento que vem tem cheiro bom. tem cheiro de coisa nova, de coisa bonita, de coisa inesperada. e eu esperava você há tanto tempo que nem sabia que essa ânsia que vivia em mim era sua espera. e era. era uma espera que não cabia mais dentro de quem tem essa vontade de que tudo aconteça logo. e aconteceu em mim essa coisa toda sem nome e sem destino. e você me virou do avesso como quem tira uma roupa do corpo. me mostrou cores minhas que eu nunca tinha visto. me mostrou órgãos meus que eu não sabia que trabalhavam por mim. e trabalhavam. e faziam de mim alguém cada vez mais distante daquela que fui há alguns segundos que se passaram. e passaram. e estão passando... e corro atrás deles desesperada como quem perde algo irrecuperável. e não consigo nunca recuperar suas palavras desvairadas. você me traz uma volúpia proibida. e me proíbe sempre de te escolher entre eles, como quem escolhe no varal uma roupa pra sair. e quando se puxa entre os pregadores, a roupa amassada, porém limpinha e cheirosa... ah, tem cheiro bom de coisa nossa! te escolho entre aquele rosa desbotado e aquele verde listrado. te escolho entre o as de copas e o rei de espadas. te escolho antes mesmo de saber os outros sabores do cardápio. te escolho sempre, embora você me negue. e você me busca de uma maneira sua e ri quando auto-intitula sua procura por 'desvarios'. que seja nosso esse seu delírio. que seja meu esse nosso destempero. e é.


"São precisamente as perguntas para as quais não existem respostas que marcam os limites das possibilidades humanas e traçam as fronteiras da nossa existência". [ Milan Kundera ]

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