sobre defeitos

sábado, 7 de novembro de 2009 às 06:47
vou te contar: estou com uma saudade irracional de você. e confessar mesmo não confesso. talvez te ligasse bêbada no meio da noite boêmia, como já fiz tantas vezes e fui arduamente criticada. inconscientemente faria justamente por saber que você odeia minhas ligações ébrias. ainda mais quando tem barulho de vida do lado de cá. mas hen, ouça bem, eu ligaria e diria "sinto sua falta.", assim bem simples e pequeno, como tem sido minhas palavras pra você desde que descobri que a gente, sim, pode se acertar. e nos acertamos. e nos separamos. e nos xingamos. e nos maldizemos. mas nos acertamos. nos acertamos, né? pela incerteza, talvez mudasse meu discurso. procuraria 'amor' no celular - nunca mudei nem quando terminamos - discaria e diria "ei, como está? bêbada, eu? não, claro que não! não estou mentindo! na verdade, acho que estou um pouco sim... sabe que nem percebi? rsrs. mas então, não fica bravo, tá tarde eu sei, eu tô rouca, e falando torto, e o som tá realmente muito alto aqui do lado, mas ó... quê? não, não, estou com alguns amigos. quem? ah, os mesmos! me perder? espera, só queria te dizer que... não tá me ouvindo? gritar? mas eu tô sem voz! me dá uma chance de dizer que..." e acabaria o crédito porque você sabe que meus créditos são sempre pouco e eu enrolo demais pra chegar no objetivo final que seria "não estou mais perdida, eu me achei em você. e, de alguma maneira, você está em todos os lugares que eu vou. e quando você não está, eu te procuro incessantemente até te encontrar finalmente num copo de cerveja. sei que você não está aqui, e me dói demais esse aperto no peito que já passou de saudade pra necessidade, mas entenda, de alguma maneira você está! e não adianta eu querer me perder porque, eu já sei, eu me encontro sempre em você. mesmo que você não esteja aqui. e não está. vem, não me deixa desprotegida. vem... e vem depressa. porque daqui a pouco outro dia vai chegar e não sei mais quantos dias eu suporto sem seu cheiro. meu amor, minha devoção e meu carinho. todo pra você. beijos. tchau.". vou te contar: queria ser tão mais ousada...


'...às vezes digo coisas ácidas e de alguma forma quero te fazer compreender que não é assim, que tenho um medo cada vez maior do que vou sentindo em todos esses meses, e não se soluciona, mas volto e volto sempre, então me invades outra vez com o mesmo jogo e embora supondo conhecer as regras, me deixo tomar inteiro por tuas estranhas liturgias, a compactuar com teus medos que não decifro, a aceitá-los como um cão faminto aceita um osso descarnado, essas migalhas que me vais jogando entre as palavras e os pratos vazios...' [ caio fernando abreu ]

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