te escrevo porque hoje não faz sol. se fizesse, eu não escreveria, te ligava. te escrevo porque a chuva é forte e eu tenho medo do frio lá fora. o que não faz muito sentido já que eu também tenho muito medo do frio aqui de dentro. esse frio que veio de ti, depois se misturou com o frio que veio de mim e hoje nem tu nem eu sabemos como nos proteger da nossa própria frieza. faz frio lá fora, meu amor! e aqueles barulhos que tu me protegias vão chegar... sei que vão. e os braços teus que afastavam meus pesadelos hoje não estão mais abertos. te escrevo porque sinto falta. e saudade é coisa pra ser escrita, meu amor, não dita. escrevo porque aonde não existes, existe saudade. e bem ali, aonde a saudade fica, vem a vontade. te escrevo porque tive vontade de dizer que sinto vontade tua. e todo desejo meu, tu sabes, é manha. e toda manha é prontamente atendida. mimos teus. correntes minhas. te escrevo porque amanhã é junho e quero contar o tempo pra me perder em ti. promessa escrita vale? pois se não valer, eu reconheço em cartório! prometo te seguir sempre, por qualquer canto. prometo escrever-te sem pedir resposta. mas respondendo, saibas tu, ficarei muito mais feliz! tás vendo? eu não aprendo mesmo, meu amor. que sejam meus caminhos tortos... te escrevo porque o que sinto é claro e bonito. guarde bem.
"Perdoe a minha precariedade e as minhas tentativas inábeis, desajeitadas, de segurar a maçã no escuro. Me queira bem. Estou te querendo muito bem neste minuto." [ caio fernando abreu ]
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