Ventos d'oeste

segunda-feira, 15 de junho de 2009 às 21:52
"no teu jardim, me fiz florescer" depois de escrito com letras redondas, bem caprichosas, dessas que a gente demora a fazer pra ter todo cuidado nos contornos das letras mais cheias, ela dobrou o papel em três dobras simétricas. suas mãos de menina, finas, com unhas não pintadas, recém-cortadas fez com que o papel fosse parar cuidadosamente no colo dele. ele sorriu. lembrou-se dos tempos de colégio, onde os cochichos eram feitos por recados de ponta de caderno. suas confissões mais secretas expostas à eternidade das palavras. ele abriu o papel com pouca pressa. demorou-se a sorrir, mas assim que o fez, disse "que lindo, flor!", era assim que ele a chamava. era assim que ela se sentia. todo dia ele lhe dava o abraço mais gostoso, mais forte, mais quente, como se fosse o sol de toda manhã. e dizia, ali no banho, bem no fundo do ouvido o eu-te-amo mais rouco e mais profundo, misturado com o som da água, que era a fonte que lhe regava. e ainda no final da noite, no orvalho frio dos medos e das tristezas, era ele com muita dedicação quem lhe enlaçava, para que nenhuma pétala se perdesse pela escuridão.


... com o choro de cada poda, cada pedaço meu que se vai, um outro mais bonito nasce pra te fazer feliz.

... para o jardinheiro da minha vida. que está longe, mas cada dia mais intenso. todo meu amor. e todo meu pólen.

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