"Quantas vezes é preciso perder pra finalmente ganhar?", pensou a menina. Molhada de chuva, de suor, de lágrimas, ela foi andando calmamente a rua estreita da casa dele. O vento era forte e trazia em sua direção gotas grossas de chuva que machucavam, mas que a faziam lembrar que dor não é desatino qualquer. E de dor a menina conhecia bem. Assim como eu conheço, você também, porque é coisa fácil de entender. Dor é coisa mundana. E só foge dela quem se esquiva. Nessa hora, a menina se esquivou de uma folha amarela que tinha acabado de se soltar de uma árvore. Estava novamente apostando num novo amor. O sétimo daquele ano. Ou era o oitavo? Depois do primeiro amor, não vale mais a pena contar. E tudo o mais parece tentativa. E as da menina, até agora, se mostraram inúteis. Nenhum deles realmente foi capaz de amá-la como o primeiro. Nenhum deles, efetivamene, a amou como ela queria. Como ela merecia. Como ela se propos a amar. Ela é menina dessas que se joga, que se permite, que tem medo e por ter medo quer sempre ter mais o que temer. Como eu, quem sabe como você também. Ela não se lembrava bem porque o segundo a havia deixado, mas estava claro e latejante ainda na sua cabeça como o último a renegou. Disse ele que não sabia quem escolher. Antes mesmo de se por como opção, abriu mão da condição de escolhida ou negaciada. Não queria saber se estava além ou aquém de qualquer outra concorrente. Não queria saber se era o suficiente para tal. A menina não suportava competir. Talvez porque perder não era tão bonito assim como diziam os finais dos livros. E assim foi o sexto, ou o sétimo. Não sabia ao certo. Contudo, nem a chuva, nem o vento frio, nem o medo do erro iminente iriam fazê-la desistir do sétimo. Ou oitavo? E se ele não a amar, como outros não amaram, como alguns pouco amaram, como um certa vez amou. Tudo bem, ela iria voltar e acreditar na ilusão dos que viriam. Dos que incertamente virão. A menina só queria acreditar e não faz mal nenhum acreditar de verdade. Eu sei e você sabe. Até porque todo mundo sempre acredita na mesma coisa achando que acredita em coisas diferentes. Só muda a maneira de acreditar. E a maneira de acreditar da menina era essa. Tentativas inúteis de se encontrar bem na hora que todos eles só queriam se perder. E ela se perde junto achando que esse é o caminho. A menina chegou. Prostrou-se frente ao portão dele. Com pouca esperança. Com muito amor. Não sabia se era sede ou engano. Só sabia que ia tentar. Mais uma vez.
Quando é a vez de ganhar?
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Oito? E eu pensando que foram só cinco esse ano. Tem certeza que chegou a oito? E de resto fé é tudo na vida. Já dizia o velho kierke(gaard). Pena que eu não tenho. Me vende um pouco da sua?
É, eu também sou assim. E também não consigo mais contar as tentativas...
"Tentativas inúteis de se encontrar bem na hora que todos eles só queriam se perder."
Esse é o problema.
Mas sigamos com fé. Não sei em quê, nem em quem, mas o importante é não parar, não deixar que as lembranças nos deixe paradas, a mercê do vento. Eu acho.