Prímula

terça-feira, 31 de março de 2009 às 23:14
Como uma flor nascendo do asfalto. Daquelas bem vermelhas pra chamar a atenção. Ou pode ser amarela. Que seja pequena, humilde, guerreira. Mas uma flor. Contrastando com a dureza do chão, com a correria dos passos, com a sujeira dos sapatos. Ela era aquela flor vermelha, quem sabe amarela, ah melhor amarela, nascendo da dor daquele amor renegado. O amor que se fez história. Uma história que se fez guerra. Uma guerra que termina e se faz paz. Paz! Ela que tinha medo dos raios mais barulhentos, agora se entregou à tormenta dos dias chuvosos. Bebe a água da chuva para se nutrir, tão fraca e pequena... Precisa crescer a menina. Precisa vencer. E aquele amor, por maior que fosse, a deixava desprotegida. Não se entregou à dureza do esfalto frio (sim, era noite!). Nasceu dali, amarela e humilde, para se mostrar vitoriosa e capaz. Ela não tem mais raízes, mas está ali, esperando alguém arrancá-la do chão e levá-la para longe. Para outros horizontes.


"As coisas mais insignificantes têm às vezes maior importância e é geralmente por elas que a gente se perde..." [ Fiódor Dostoievski ]

2 comentários

  1. Felipe Brito Says:
    Este comentário foi removido pelo autor.
  2. Felipe Brito Says:

    Essa flor precisa de um jardim. Vasos de barro jamais!

    Lindo texto, tem uma 'cadência' suave, bom de saborear. Gostei muito também do "Sonhos Despenteados".

    Sua escrita parece geléia de morango! =D

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