Ela nunca esquecerá da sensação de chegar àquela terra distante. Eram horas de viagem, no escuro da noite, no frio da madrugada, os ponteiros do relógio pareciam se mover tão devagar... Ela tentava abrir um livro, fazer um sudoku, mas a impaciência só a fazia fitar as horas. Houve vezes que passou madrugadas na rodoviária, ficava as 12 horas sem comer, porque o dinheiro não era proporcional à vontade, ao sonho, ao desejo. Mas sabia que, assim que chegasse, teria uma comida quente, um abraço apertado e o cheiro inconfundível dos cabelos recém-arrumados. E que no meio daquela cidade bem grande, que nunca conhecera ou que pouco conhecera, estaria alguém esperando por ela. Não teria rosas nas mãos, um sorvete de charge, nem um anel bonito no bolso, mas teria o sorriso pela qual ela se jogou no mundo para ter. O sorriso que fez chorar pai e mãe. O sorriso que era seu alento. E ao ver a placa da cidade se aproximando, ela penteava os cabelos, passava perfume, disfarçava as olheiras da noite vigilante e esperava. Ah, como valia a pena a vida quando se larga tudo por alguns dias, poucos dias, para se viver o inexplicável. E ela temia a volta com tanto ardor. Mas esquecia-se dela para que o sorriso que a esperava não fosse efêmero. Que fosse todo dela. Que fosse só pra ela. Como era longa essa espera! E como era catártico o encontro! Não importa se as palavras são duras, nem se os dias são poucos, se a volta é um castigo, era ali o clímax da sua tragédia: a chegada.
"Mas sempre me pergunto por que, raios, a gente tem que partir. Voltar, depois, quase impossível." [ Caio Fernando Abreu ]
... e fez do som da tua risada um hino
quinta-feira, 23 de abril de 2009
às
12:45
| Postado por
larissa
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volte outro tanto
traga sorrisos e abraços
chegue como quem não quer nada,
que seja assim.
esperarei até os últimos minutos
como quem quer o mundo contigo.
=~/
Viver o inexplicável.
Ando sentindo a necessidade disso.
=)