meu bem, desculpe se às vezes esqueço teu nome. se pego no sono no momento em que tu querias conversar. se fico exaustivamente depreciando-me e se sempre desacredito de teus elogios lapidados. desculpe se fico sempre surpresa quanto tu ligas, já devo saber que queres sempre saber de mim, com inigualável zelo. desculpe se bagunço teus cabelos e te ponho os óculos, acho-te tão lindo assim subverso! peço perdão pelos meus deslizes de principiante porque é tão novo e sacro esse teu querer e cuidado. a maneira como tu me deixas ganhar nos jogos de carta e pede beijos ao invés de prendas. como cuidas não só de mim quando escorrego, mas das coisas que tenho que fazer e tu precipitas-te a fazê-lo muito antes para me evitar o trabalho. e para evitar a dor, beijas minhas feridas, proteges-me dos carros, seguras-me aos mãos evitando qualquer súbita surpresa que me faça tropeçar. não sei dizer, meu bem, mas essa tua beleza me dá um medo infantil de perder o presente desejado. e te olhar assim, com vinho derramado na cama, e com o calor da noite primaveril, te olhar bem debaixo da luz forte desse quarto... não sei... faz qualquer medo parecer erro. e não quero errar contigo, amor meu. não me deixe fazê-lo.
"Ali fui mártir; Fui réprobo, fui bárbaro, fui santo; Aqui encontrarás minhas pegadas; E pedaços de mim por cada canto." [ Vinicius de Moraes ]
quando sentir não for pensar
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
às
21:43
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larissa
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no verde das folhas
terça-feira, 16 de novembro de 2010
às
21:45
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larissa
Escrever me é urgente. Deve ser porque toda aflição, toda angústia só se torna fim em si mesma quando escrita. Escrevo, pois.
Escrevo e erro.
Constantemente. E abundantemente.
E só.
Escrevo e erro.
Constantemente. E abundantemente.
E só.
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torre invertida
domingo, 7 de novembro de 2010
às
23:11
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larissa
Isa quebrou o limite nunca dito. O limite que Gustavo estipulou e que ela aceitou sem se dar conta. Isa deu um passo fatal: ligou para Gustavo.
- Sinto sua falta.
- Tá tudo bem?
- Não. Tive um dia péssimo. Tô meio triste, meio só.
- Quer conversar?
- Quero carinho... Posso ir na sua casa?
- Amanhã eu tenho que acordar cedo, preparar umas provas, fazer uns slides.
- Entendo...
- Mas você pode falar. O que te aflinge?
Isa desligou. Não era isso que ela queria. Uma conversa informal pelo telefone sobre seu dia, seus problemas, seu mundo. Isa queria mais. Isa queria a proteção, queria o calor do abraço, o colo. Isa queria aquilo que Gustavo sempre deu sem pedir. Mas o pedido, assim tão explícito, tão eufórico fez parecer claro, o natural. Gustavo esquivou-se. Isa não insistiu, embora a vontade de dizer poucas e boas tenha subido à garganta. Queria dizer-lhe que tantas vezes ele a chamou para sua casa, para o prazer, para a conversa, para o filme e pizza fria. Tantas e tantas vezes, na chuva, ela dispôs-se a segui-lo. A amá-lo. E agora, Gustavo, sem dó, retirou sua sombra fresca. Isa não se irritou, tampouco se admirou. Isa conhecia bem a fugacidade dos trejeitos de Gustavo. E sabia ainda mais que ela não era mulher pra ele, e que ele não era homem suficiente pra ela, ainda que os dois se entendessem muito bem. E se gostavam. Divertiam-se do humor seco de cada um. Tinham lá suas afinidades. Usavam o mesmo xampu. Mas Gustavo era de fogo e Isa era de água.
- Isa, quer vir? Te faço um café gostoso, daqueles que você acorda pedindo...
- Vou me vestir. Me espera.
Isa quebrou o limite. Mas o limite ainda está lá. Intacto e agora não mais escondido, oculto. O limite está expresso. E Isa espera. Não sabe se o ultrapassa, não sabe se o esquece. Não sabe o que espera. Mas espera. Isa se expande, mesmo com todos os limites.
- Sinto sua falta.
- Tá tudo bem?
- Não. Tive um dia péssimo. Tô meio triste, meio só.
- Quer conversar?
- Quero carinho... Posso ir na sua casa?
- Amanhã eu tenho que acordar cedo, preparar umas provas, fazer uns slides.
- Entendo...
- Mas você pode falar. O que te aflinge?
Isa desligou. Não era isso que ela queria. Uma conversa informal pelo telefone sobre seu dia, seus problemas, seu mundo. Isa queria mais. Isa queria a proteção, queria o calor do abraço, o colo. Isa queria aquilo que Gustavo sempre deu sem pedir. Mas o pedido, assim tão explícito, tão eufórico fez parecer claro, o natural. Gustavo esquivou-se. Isa não insistiu, embora a vontade de dizer poucas e boas tenha subido à garganta. Queria dizer-lhe que tantas vezes ele a chamou para sua casa, para o prazer, para a conversa, para o filme e pizza fria. Tantas e tantas vezes, na chuva, ela dispôs-se a segui-lo. A amá-lo. E agora, Gustavo, sem dó, retirou sua sombra fresca. Isa não se irritou, tampouco se admirou. Isa conhecia bem a fugacidade dos trejeitos de Gustavo. E sabia ainda mais que ela não era mulher pra ele, e que ele não era homem suficiente pra ela, ainda que os dois se entendessem muito bem. E se gostavam. Divertiam-se do humor seco de cada um. Tinham lá suas afinidades. Usavam o mesmo xampu. Mas Gustavo era de fogo e Isa era de água.
- Isa, quer vir? Te faço um café gostoso, daqueles que você acorda pedindo...
- Vou me vestir. Me espera.
Isa quebrou o limite. Mas o limite ainda está lá. Intacto e agora não mais escondido, oculto. O limite está expresso. E Isa espera. Não sabe se o ultrapassa, não sabe se o esquece. Não sabe o que espera. Mas espera. Isa se expande, mesmo com todos os limites.
"Não quero saber do sofrimento, quero é felicidade. Não gosto de fazer lamúrias. Uma vez, discuti feio sobre determinada situação. Fiquei sozinho em casa, cheio de razão e triste pra cacete. Então, pra que querer ter sempre razão? Não quero ter razão, Quero é ser Feliz!" [ Ferreira Gullar ]
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outra direção
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
às
22:12
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larissa
... a menina sabia desde o início. aprendeu com o desapego. o tempo e algumas pessoas lhe deixaram essa lição: do pouco que fica, é de todo seu. embora no verão passado tenha sido seu, o passo em falso. esquivou-se como criança. envergonha-se, inclusive. mas além de refém dos laços, a menina também era prisioneira da sua condição de imprudente. enquanto se jogava em braços transeuntes, sentia o desmedido sentimento de afeição. desses que a gente conhece e indeseja. desses que a gente evita quando pode e foge quando percebe. sem evitar e sem se esconder, a menina atirou-se dessa vez não à ele, mas à vontade. e foi boa a sensação do livre tentar. agora que se foi: ele, não a vontade, a menina espera o próximo passageiro. que dessa vez passe mais devagar, como se estivesse ficando...
"A sensação de arrepio, o medo do novo, a náusea — Aquela náusea que é o sentimento que sabe que o corpo tem a alma..." [ Fernando Pessoa ]
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