não consigo evitar um sorriso. sabe por que? porque já do lado de fora, na varanda, eu sinto o cheiro quente (assim bem sinestésico mesmo) do café doce... sim, doce. porque ela, no seu zelo infindo, já adoça o meu vício. na medida certa do meu querer. três colheres. copo bem cheio. sabor bem forte. e ela faz porque prevê minha chegada e não há nada que ela mais queira no mundo do que um sorriso meu. eu sei. e eu sinto muito, um dia ter partido sem que ela prevesse. foi a semente da desconfiança que plantei. e nasceu uma árvore com galhos de discordância, mas que podei e agora a gente se completa. o suporte dela é pouco, contudo ardósia fria também é chão. e eu piso firme porque sei que todo o resto, mesmo o que parece bonito, pode ser queda. e como caí pisando em buracos! e ela me resgatou silenciosamente com uma austeridade que sempre maldisse, mas que me arrependo. e agora atravesso a porta e vejo no chão a bola colorida do cachorro, dengo que me faz sorrir outra vez, sorriso de quem não sabe porque se foi. mas fui porque o amor dela, sufocante na sua grandeza, me fez buscar novos rumos. eu sei, a fiz sofrer com minhas escolhas. como sempre, muito egoístas. só busquei o meu prazer. e ela, compreensiva por profissão, não entendeu. sofri. sofremos. deixemos de lado o que se foi, como aqueles quatro anos de viagens escondidas. deixemos de lado o que de alguma maneira não cabe mais nessa nova paisagem. nessa casa de sofás novos e retrato mais bonito - atualizado - na estante. que fique de lado o que perdi. quero agora só o suave dos fins de semana. a conversa despretensiosa. o vestido que não cabe mais. o cajuzinho de panela. e um pouco mais de café.
e sinto saudade.
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Lembrar de alguém pelo café é uma sorte tremenda!
=)