"Tenho uma vontade besta de voltar, às vezes. Mas é uma vontade semelhante à de não ter crescido" [ Caio F. Abreu ]
eu mesma silencio
quarta-feira, 17 de março de 2010
às
01:30
| Postado por
larissa
um dia, eu cheguei a conclusão de que inventei você. essa coisa de sorriso bonito, de cheiro gostoso, de carinhos incomensuráveis. cheguei a cruel conclusão de que inventei junto com você comparações do tipo que você sempre ganhava. sua voz sendo a mais doce, suas cartas como as mais românticas, até o comum do seu beijo sendo o melhor de todos que já provei. e se eram mesmo ou não, se eram comparações exageradas ou não, percepções distorcidas talvez, eu nunca vou saber. porque minha mais nova conclusão é de que eu fiquei louca. esses dias eu vi no sofá da sala a gente rindo escondido de uma piada que era só nossa. e ouvi meus pais abrindo a porta e mandando a gente dormir. e a gente desmanchando sorrisos porque não queríamos dormir, queríamos ficar ali, juntinhos, abraçados, no calor do reencontro. e quando eu passei pela cozinha, eu vi os gritos da nossa briga, não sei qual, alguma das muitas que nós tivemos, a culpa era minha provavelmente, e eu chorava como sempre fazia e você me abraçava depois, mesmo com raiva. passei para varanda, onde a rede estava estendida e lembrei do casulo das nossas pós-brigas, onde íamos nos reatar depois das grandes discussões, choros e palavrões. e como houveram discussões, choros e palavrões! mais até do que reconciliações. e de todas as coisas que inventei durante todo esse tempo, a única de que não fui capaz foi a conciliação. as que houveram, eram travestidas de perdão e sede, mas na verdade eram meras ataduras para machucados que nunca se fecharam. e até mesmo o desamor, grande objetivo meu, busca de todos os erros e mentiras, até mesmo esse subterfúgio me fugiu. não inventei. não pude inventar. não cabia no meu teatro. esse presente não vai ser seu. estranho pensar que quem ama tanto, se sente tão aterrorizada com determinadas proporções que deseja o desamor. é estranho e ilógico. não precisa haver explicações para a busca. a única coisa que precisa ser explicada, SEMPRE, é a mentira. dias desses, conclui: você foi uma mentira. e, dessa vez, você não está aqui para exigir mais a verdade. não está aqui pra se tornar uma verdade. então que não seja.
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Eu vivo a sua vida e você vive a minha.
Precisamos de vidas novas, mais doces.