do caminho

sexta-feira, 9 de novembro de 2012 às 01:14
penso demais e tudo me inquieta. chegou aquele momento na vida de alguns em que se pensa em quase tudo que se foi e em tudo que pode vir a ser. o vir-a-ser é que dói. dói mesmo, como ferida, como coceira que de tanto coçar se abriu, sangrou e agora tá ali, doendo. até então achava que dor era coisa do amor. ou do desamor. mas não, muita coisa dói, e o presente é um deles. é, o presente dói. aí você olha pra longe e vislumbra um monte de coisas impossíveis que você carinhosamente chama de bobagens. aí você olha pra um tiquinho mais perto e projeta um monte de coisa mundana e pequena e diz "que seja". olho pro lado e vejo que tudo está erguido para me sustentar desde a casa até o colo. mas com uma infantilidade subversiva eu me vejo me despojando disso tudo e saindo pra desconhecer. é esse maldito fascínio do desconhecido que abre a ferida do presente, que dói. mas em seguida penso logo que sem o teto e sem o chão não há de ser. mas é assim: de longe, já bastam os sonhos.


"Que era, então, a vida? Era calor, o calor produzido pela instabilidade preservadora da forma; era uma febre da matéria, que acompanhava o processo incessante decomposição e reconstituição de moléculas de albumina, insubsistentes pela complicação e pela engenhosidade." ( Thomas Mann )

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